Apoios a edifícios sustentáveis devem ser mais fáceis e rápidos, diz Provedoria de Justiça

A Provedoria de Justiça aponta várias falhas: regras que mudam a meio do processo, formulários demasiado complexos, decisões mal explicadas, dificuldades de comunicação com os serviços e pagamentos muito lentos.

Rita Fernandes - Antena 1 /
Foto: Miguel A. Lopes - Lusa

A Provedoria de Justiça diz que é preciso uma "revisão estrutural dos procedimentos de candidatura" a programas de apoio à eficiência energética e sustentabilidade de edifícios, como o Programa Edifícios Mais Sustentáveis (PAE+S 2023), lançado pelo Governo. Nem o guia de apoio criado para orientar os candidatos é grande ajuda.

As dificuldades originam "perda de confiança e desmotivação das pessoas na participação em futuros programas", lê-se na análise feita pela Provedoria de Justiça, que assinala dois anos desde o fim do prazo para a submissão de candidaturas
ao PAE+S 2023, sobre o qual continua a receber queixas.

O programa funcionou num modelo de reembolso em que os beneficiários (que tinham de ser particulares) pagam primeiro as obras com o próprio dinheiro e depois recebem de volta uma parte das despesas.

O valor do reembolso dependia do tipo de intervenção realizada — como substituir janelas, instalar painéis solares, melhorar o isolamento, trocar sistemas de aquecimento ou aumentar a eficiência hídrica — e pode andar entre 65% e 85% do valor elegível, dentro de limites máximos por tipo de obra. 
 A análise das queixas recebidas pela provedoria revela um processo de candidatura extremamente difícil, complexo, o que contribuiu para que muitos candidatos tenham visto as suas candidaturas rejeitadas por não terem submetido os documentos corretos ou prestado as informações exigidas. 

Nem o guia de apoio criado para orientar os candidatos é grande ajuda. A provedoria mostra que "as instruções são demasiado detalhadas e pouco intuitivas, o que acabou por dificultar a ajuda aos candidatos — exatamente o oposto do que se pretendia com a sua criação".

Há milhares de candidaturas ainda por analisar. Numa comunicação enviada ao secretário de Estado do Ambiente, a provedoria recomenda uma revisão completa da forma como são feitas as candidaturas. 

Indica ainda que é preciso evitar respostas automáticas, formulários mais curtos e claros, acessíveis a qualquer cidadão e é preciso que haja pessoal e meios técnicos suficientes para responder de forma rápida aos pedidos de esclarecimento. Além disso, a provedoria sublinha que as plataformas online usadas para submeter as candidaturas sejam mais intuitivas e fáceis de usar.




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